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BIOINVASÃO MARINHA

Autor: Diego Amparo

 

 

      A distribuição espacial e temporal dos organismos é marcada pela movimentação e intercâmbio de espécies, resultando em um equilíbrio entre as migrações e extinções. Esses processos naturais acontecem quando barreiras biogeográficas são transpassadas, podendo ocorrer em escalas geológicas ou em períodos curtos de poucos anos. Mas nos últimos dois séculos uma nova dinâmica vem mudando a história da vida na Terra (DE SOUZA, 2010).

    Praticamente todos os ecossistemas em que o homem mantém contato regular, contêm espécies que foram por ele transportadas. O veículo, ou atividade pela qual uma espécie é transportada e introduzida em um novo habitat é denominada vetor. Uma ampla variedade de vetores opera em várias escalas espaciais e temporais promovendo movimentos transoceânicos e intraoceânicos costeiros de águas rasas, o que resulta no estabelecimento de muitas espécies fora de seus limites naturais.

      Alguns vetores como a aquicultura e aquariofilia são considerados intencionais, e outros como água e sedimento dos tanques de lastro e as incrustações nos cascos de navios, as plataformas de petróleo e os detritos sólidos flutuantes, são considerados como vetores acidentais ou não intencionais. Outros vetores a serem considerados são organismos epibiontes, simbiontes ou parasitas que se associam a animais introduzidos via aquicultura e aquariofilia (PEREIRA & SOARES-GOMES, 2009).

     Devido à capacidade de transporte, à periodicidade e à diversidade de rotas, os navios utilizados pelo comércio internacional são considerados importantes vetores, sendo responsabilizados por um grande número de introduções de espécies. No Brasil, cerca de 95% de todo comércio exterior é transportado por via marítima. Muitas espécies podem sobreviver em uma forma viável na água de lastro e sedimentos transportados pelos navios, mesmo em viagens de vários dias. Ao serem deslastradas em águas portuárias, algumas espécies podem obter sucesso na sua introdução e promover alterações no equilíbrio ecológico da área receptora. O potencial da descarga de sedimento e água de lastro dos navios foi reconhecido não só pela Organização Marítima Internacional, mas também pela Organização Mundial de Saúde, como um meio de dispersão de bactérias causadoras de doenças epidêmicas (ANVISA, 2002).

     O comércio de espécies ornamentais para aquários marinhos movimenta anualmente em todo o mundo cerca de 200 milhões de dólares e é reconhecido como importante vetor de invasão biológica, resultante de deliberadas ou inadvertidas liberações em ambiente natural. (PEREIRA & SOARES-GOMES, 2009).

     O ministério do Meio Ambiente, em parceria com outras instituições de pesquisa do país, desenvolveu o Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (PROBIO), destinado ao levantamento de informações biológicas e ecológicas relacionadas às espécies exóticas invasoras no país. (PEREIRA & SOARES-GOMES, 2009).

 

 

 

Referências

 

 

ANVISA. Estudo exploratório para identificação e caracterização de espécies patogênicas em água de lastro em portos selecionados no Brasil. Relatório Técnico, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Ministério da Saúde, Brasilia, DF. 2002

DE SOUZA, R.C.C.L.; ÁGUA DE LASTRO: UMA AMEAÇA À BIODIVERSIDADE. 2010

PEREIRA, R.C.(Org.); SOARES-GOMES, A.(Org.). Biologia Marinha. 2. ed. rev. e ampl.. Rio de Janeiro : Interciência, 2009.