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BIOGEOGRAFIA MARINHA

Autor: Fagner Moura   

 

     A biogeografia marinha estuda a história da distribuição geográfica dos táxons marinhos, tendo as áreas de endemismo e os traços generalizados como unidades básicas analíticas. Estudos em biogeografia marinha são incipientes para a maioria dos táxons marinhos, principalmente devido às dificuldades de caracterização e compreensão das barreiras que determinam cladogêneses dos grupos. Existem vários ecossistemas formados no sistema biogegrafico marinho, destacando entre os mesmos, os seguintes:

 

 

Costão Rochoso

 

 

 

 

 

     Costão Rochoso é o nome dado ao ambiente costeiro formado por rochas entre os meios terrestre e aquático. É considerado mais uma extensão do meio marinho que do meio terrestre, uma vez que a grande maioria dos organismos que podemos encontrar nos costões está relacionada ao ambiente marinho.

     O costão rochoso pode ser moldado e modificado por diferentes aspectos: físicos, químicos e/ou biológicos.  A erosão por batimentos de ondas, ventos e chuvas é o principal aspecto físico além da variação de temperatura. Os fatores químicos dependem do tipo de rocha que forma o costão, uma vez que minerais, como o ferro, reagem quimicamente com água. Como fatores biológicos, o desgaste das rochas pode ser causado por organismos como ouriços, esponjas e moluscos.

     Esse ecossistema pode ser muito complexo, e, quanto maior a complexidade, maior a diversidade de organismos em um determinado ambiente. Existem basicamente dois diferentes tipos de costão:

Costão exposto: É o tipo de costão que sofre mais os impactos das ondas. A diversidade é menor que a dos costões menos expostos às ondas. Com a intensidade das ondas e seu batimento nas pedras dificulta a fixação de organismos mais frágeis nos costões.

Costão protegido: É o tipo de costão em locais onde o embate das ondas é suave. Apresenta uma grande diversidade de espécies associadas. O fato de sofrer menos o impacto das ondas, ajuda a fixação de organismos.

     De uma forma geral, os costões rochosos apresentam uma rica e complexa comunidade. O substrato favorece a fixação de larvas de invertebrados, principalmente de espécies que vivem fixas (animais sésseis).

     A ocupação no costão rochoso ocorre de acordo com o estabelecimento das espécies, em faixas bem definidas, e vão de acordo com as adaptações de cada organismo aos fatores ambientais ( abióticos e bióticos).

     Esta ocupação é conhecida como zonação. Existem diferentes metodologias para estabelecer os limites entre uma zona e outra, mas de forma geral podem ser divididos em 3:

1. Onde vivem organismos que ficam acima da maré alta, numa zona de transição entre a terra firme e o mar = SUPRALITORAL. Podem ser encontrados crustáceos e alguns moluscos gastrópodes.

2. Local em que vivem organismos entre as faixas de marés sendo parcialmente cobertos e descobertos diariamente pela água = MESOLITORAL. Como as cracas, que são crustáceos fixos, moluscos gastrópodes e bivalves como mexilhões e alguns crustáceos, como caranguejos.

3.  Região sempre coberta pela água, onde vivem organismos abaixo da linha da maré baixa, ou raramente descobertos = INFRALITORAL. Ex: Algas, equinodermos, poríferos (esponjas), crustáceosmoluscos (entre eles, o polvo), peixes e etc.

  

Marismas

 

 

 

 

     São ecossistemas costeiros intermareais presentes ao redor de todo o globo nas médias e altas latitudes com relevo pouco expressivo, em geral planícies ou depressões alagadas. No Brasil, as marismas estão presentes em estuários, lagunas e baías ao longo da costa dos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

     As marismas são ambientes com grande estresse de salinidade e temperatura, sendo usualmente hipersalinas, a vegetação que domina é composta de angiospermas herbáceas adaptadas a essas variações. Assim como ocorre nas regiões de manguezal, as marismas também possuem uma zonação quanto à vegetação em função do grau e tempo de inundação de cada zona.

     A região de marisma baixa que fica constantemente inundada tem predominância de grama-alta macega-mol (Spartina alterniflora), já na região que inunda ocasionalmente, marisma média, ocorre o predomínio de Spartina densiflor, grama alta macega.O junco (Juncus effusus) predomina nas regiões mais altas, marisma alta, onde as inundações são pouco freqüente.

     As marismas são consideradas verdadeiros ecossistemas úmidos formados por depressões próximas à foz de um rio que sofrem inundação pelas marés e pela descarga fluvial, podendo estar associado a regiões estuarinas e deltáicas. São ambientes onde existe uma grande quantidade de matéria orgânica que dá suporte a uma alta produtividade primária e contribui com até 70 toneladas de detritos vegetais para as teias alimentares associadas, além disso, as marismas têm importante papel na atenuação dos processos erosivos costeiros e na oferta de abrigo para juvenis de diversas espécies de crustáceos, moluscos e peixes comerciais que utilizam esse ambiente para a reprodução, além de servir de local de repouso para aves migratórias.
 

 

Manguezais

 

 

 

 

     Manguezais são ecossistemas costeiros de transição da interface terra-mar de regiões tropicais e subtropicais, associados a eventos de transgressão marinha que tiveram o início de seu desenvolvimento há 5mil anos atrás. O manguezal recebe esse nome devido a sua vegetação dominante de mangue, tipo de vegetação halófita (tolerância ao sal) adaptada a viver em ambientes de planície de inundação de marés. Associado aos mangues é possível encontrar também outros vegetais e animais que encontram nessas árvores abrigo, proteção e alimento. O máximo de desenvolvimento deste tipo de ecossistema se dá em regiões com alto índice pluviométrico e grande amplitude de maré, e.g. região equatorial. Pela costa do Brasil, os manguezais se distribuem quase 26.000km² desde o Amapá até Santa Catarina.

     Os ambientes de manguezais são ecologicamente importantes pela sua grande exportação de matéria orgânica para zona costeira, e seu papel fundamental como berçário de diversas espécies locais como de outros habitats. Além de ser uma proteção contra a erosão costeira e estabilizar a linha de costa, o manguezal é uma fonte de renda e alimento para as comunidades que vivem em seu entorno, comprovando assim também seu papel social e econômico. Como reconhecimento pela sua importância em 1965 o Código Florestal definiu que regiões de manguezais são área de proteção permanente.

     Apesar disso, os manguezais, assim como outros ambientes costeiros, estão sendo progressivamente destruídos. Esse ecossistema é conhecidamente um trapeador de contaminantes, devido aos processos de mistura de água doce e salgada e através de processos físico-químicos, os poluentes (metais pesados e orgânicos) são carreados para o sedimento ficando ali retidos. A poluição é um grande, porém não único, perigo ao qual esse ambiente está submetido. A urbanização nas proximidades, criação de portos, obras de dragagens, instalação de maricultura, dentre outras são atividades que destroem esse habitat. É necessário o uso sustentável desse ambiente para que ele possa exercer seu papel ecológico e continuar como fonte importante de recursos pesqueiros.

 

Estuários

 

 

 



     Existem muitas definições de estuários, a depender do ponto de vista e objetivo do estudo. Em termos geológicos, estuário é a terminação de uma vale afogado durante eventos transgressivos, que recebe sedimentos tanto de fontes fluviais quanto marinhas. Porém, do ponto de vista oceanográfico, os estuários foram definidos por Pritchard (1967) como corpos d’água costeiros, semiconfinados, onde ocorre a mistura de água doce, proveniente do continente, com água salgada do oceano. Os estuários são feições efêmeras em escala geológica, por ser um ambiente protegido e, assim, propenso à sedimentação. Dessa forma, apresentam a tendência de serem totalmente acolmatados ao longo de sua evolução, transformando-se em planícies costeiras emersas ou, caso a sedimentação fluvial seja mantida, evoluem para planícies deltaicas. Os estuários atuais, assim, são ambientes recentes, datando de cerca de 5000 anos, época do último máximo transgressivo.

 

 

Restinga

 

 

 

 

     A restinga é uma planície arenosa costeira, de origem marinha, incluindo a praia, cordões arenosos, depressões entre-cordões, dunas e margem de lagunas, com vegetação adaptada às condições ambientais”

 

 

Bibliografia

https://www.ib.usp.br/revista/system/files/Miranda%2526Marques2011Abordagens%20atuais%20em%20biogeografia%20marinha.pdf

https://aquariodeubatuba.com.br/2013/07/03/costao-rochoso/

https://www.zonacosteira.bio.ufba.br/marismas.html

BERTNESS, M.D. et al. Marine Community Ecology. Sinauer Associates. 550p: 2001.

SCHAEFFER-NOVELLI, Y et alManguezais. Ática, 1ed, São Paulo: 2004

https://www.zonacosteira.bio.ufba.br/vrestinga.html